segunda-feira, 30 de junho de 2014

Camomila ou hortelã?


Os sons de uma casa em silêncio não me deixam dormir. Uma pomba resolveu fazer seu ninho no buraco do ar condicionado. O aparelho se foi, não gosto de nada condicionado, e o buraco ficou, tapado com gesso, serviço mal feito que não arrumo, assim como a porta quebrada do armário: é que há tanta coisa mais urgente, como minha necessidade de dormir oito horas ininterruptas, por exemplo. Mas o silêncio da noite é barulhento, como a pomba-mãe. Eu sei o que é arrumar o ninho para os filhotes que vão chegar, dona pomba, eu também arrastava minhas patinhas para lá e para cá até encontrar o melhor ângulo para o berço. E depois ficava sentada olhando o berço vazio, imaginando a carinha de quem viria habitá-lo. A senhora também suspira, eu escuto.  Mas é que depois da chegada deles, dona pomba, escute-me bem, muito bem, a senhora vai precisar dormir, assim como eu. E serão tantos os sons e os ruídos para nos atrapalhar, que eu sugiro que a senhora descanse um pouco agora. E me deixe descansar também. Podemos dividir uma xícara de chá, se a senhora quiser. 

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