Nem feliz nem triste. Nem
inquieta nem tranquila. Apenas era. Como a manga verde pendurada no tronco onde
amarraram a corda balançante. O tempo em forma de vento sussurrava que era dela
enquanto brincava com seus cabelos. O chão se aproximava e se afastava se
aproximava e se afastava dos seus pés feitos para tocá-los (será?). Alguém
dentro dela ria e fazia cócegas na sua barriga. Vrum...ela ia...vrum...ela
vinha...vrum...vrum...o tempo disse que era seu amigo. Ela não escutou porque
um raio de sol ia queimar sua retina se ela não piscasse.
Ela era os pés jogados no ar, as
mãos molhadas, o estômago vazio, os olhos lacrimejantes, os cabelos espalhados,
os pelos arrepiados, os braços adormecidos, o olhar no horizonte, a fruta
esperando o tempo de cair, o farfalhar da mangueira nos seus ouvidos, o zumbido
da abelha, as nuvens que protegiam sua pele, o medo de cair e a certeza do chão
logo abaixo...ela era o silêncio brincando de viver. Vrum...eu sou seu amigo,
mas ela não escutou porque uma fruta ameaçou cair antes de amadurecer.
Não sabia o que poderia acontecer
e sabia que nada iria acontecer. A manga se segurou, ela também conhecia o seu
tempo. Era preciso esperar o doce suficiente. Suficiente para quê? Para ser
doce apenas. O pardalzinho riu, ele também sabia. Vrum...ei, me escute, eu sou
seu amigo, mas uma mecha se enroscou nos seus dentes que também sabiam ser só
de leite.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito lindo esse balanço.
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