terça-feira, 31 de julho de 2012

Na ilha


Quem? Quem é que manda na gente, afinal? Ela tirou o lençol e o cobertor da cama e afastou os travesseiros na tentativa de encontrar quem a mandava ser feliz e magra e sexy. O supermercado anuncia que é lugar de gente feliz, mas o que ela vê são pessoas em filas quase sem fim reclamando dos preços altos. Carros não são mais um meio de transporte. São nossos amigos e confidentes capazes de nos transformar em desejados astros de Hollywood. Hollywood é uma invenção! O Estado, com quem ela divide seu salário, é uma invenção. O Estado não existe, cara! Chutou o chinelo que estava no meio do caminho entre a cama e o banheiro cheio de cremes diferentes que serviam todos para a mesma coisa: nada. A velhice vai chegar se não encontrar a morte antes. That´s it, baby! A beleza é uma invenção. Há duzentos anos teria que comer todos os pães disponíveis para alcançar o peso desejado...desejado por quem? Hoje pelos estilistas e pelas revistas. Já não sabia se se sentia melhor numa calça 38 ou 40, mas lutava para entrar numa 36. Quem inventou esses números? Da calça, do quadril, da cintura, dos peitos. Do preço dos imóveis! Era o segundo celular que comprava no ano por causa da resolução da câmera na qual tirava fotos de si mesma para mostrar no Facebook para todos os seus conhecidos, do jardim de infância até o trabalho atual, que era linda, rica e amada, mesmo que passasse muitas noites esperando uma ligação dele enquanto pensava num jeito de saldar suas dívidas no banco. Pronto, agora compraria o terceiro porque o segundo se espatifou na parede, com todas as fotos sem backup. Merda. E se todos criticam as mesmas coisas, onde estão os criticados? Numa ilha desconhecida junto com as canetas Bic e as meias sem par?

Um comentário: