segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A grande prisão

Poder ver o mundo só a partir dos próprios olhos é como viver numa prisão



E se, num só dia, algumas poucas horas para uma vida inteira, ela pudesse ver o que vê aquela mulher com o cabelo per-fei-ta-men-te penteado? Como é o mundo de uma mulher que não tem um único, nem mesmo um meio fio de cabelo fora do lugar? E os óculos feitos para aquele formato de rosto que não escorregam pelo nariz? Nenhuma glândula capaz de produzir uma gota de suor. Unhas milimetricamente pintadas e brilhantes. O ouro certo nas orelhas e dedos certos. A mulher conduzida por um motorista que deixou Bangladesh com os pés ainda tão pequenos, apedrejado pelos coleguinhas na nova escola: FOB! O menino largado na fronteira pelo exportador, sem importador que por ele quisesse ser responsável. Como seria? Por um só dia.

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