terça-feira, 29 de abril de 2014

Felicidades e mentiras

Eu devia ter o quê? Uns seis, sete anos. E voltava da escola com meu pai na direção do carro. Quase em casa, ele abaixa o som que vinha de uma de suas fitas cassetes, com canções de Milton, Chico, Caetano, Gil, Gonzaguinha, que eu adorava, e me pergunta: filha, você é feliz? Que visão tinha eu da vida, tão jovenzinha, que me fez intuir (?) que eu deveria responder sim para não deixá-lo triste, porque claro que ele, pai tão dedicado, precisava ouvir que eu era feliz? E sim eu disse, pedindo desculpas mudas por mentir para o meu pai. Não que eu não fosse feliz, meu pai, não é isso. É só que alguma coisa em mim - sem nome, sem morada - já não me deixava acreditar nessa ideia de felicidade plena. E sei que era dessa que você me perguntava; o medo de ter me colocado no mundo em vão. O que importou, ali, naquele dia, naquele carro, foi que ele, meu pai, depois de ouvir o meu sim, disse: que bom! 

Um comentário:

  1. A nossa felicidade, muitas vezes, reside em fazer o outro feliz.
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br/

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