quarta-feira, 23 de abril de 2014

Sob o signo de gêmeos

A vida é curta, ela pensa todos os dias, logo ao acordar, para se viver numa fazenda em Ngong ou Ribeirão Preto, numa quitinete em Paris ou Londres, num condomínio aos arredores de Nova Iorque ou São Paulo, numa casa com quintal em Urupês ou Berna, para se ter uma pousada na Vela Luka ou em Mykonos, para trabalhar como médica no Rio de Janeiro ou passeadora de cachorros em Kuala Lampur, para morrer de solidão em Tóquio ou de amor em Lisboa, para ler Guimarães, Clarice, Pessoa, Lobo, Joyce, Woolf, Beckett, Tolstói, Faulkner, Proust, Hélder, Dostoiévski e ver Fellini, Bergman, Godard, Truffaut e von Trier, para comer manga sentada numa mangueira em Sorocaba e tomar um café, mais um café, no de Flore, aprender francês, italiano, espanhol, russo, croata, japonês, escrever, pintar, dançar, atuar, correr, nadar em Fernando de Noronha ou Tel Aviv, ser católica, judia, muçulmana, branca, negra, amarela, vermelha, mãe, tia, avó, irmã e amiga, parar para ver o pôr-do-sol ou uma borboleta na região de Tomsk. A vida é muito curta, ela pensa todas as noites, antes de dormir, para tantas elas. 

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