Se eu fosse, agora, para Roma,
compraria un gelato, per favore, ah, scusami, un gelato ao ciocollato, e deixaria que ele escorresse pelos meus dedos
enquanto eu sentaria num degrau da Piazza
di Spagna. Se eu fosse, seria agora, sem bagagem, sem aviso prévio, só para
tomar un gelato e voltar. E quando eu
morrer, o que dirão de mim (porque ainda haverá alguém a não me deixar morrer completamente), enquanto perco a forma confinada num caixão? Que
fui boa mãe? Que fui boa amiga? Que fui boa filha? Que fui péssima esposa? Que
tentei não explodir nem implodir? Que tentei o novo quase todos os dias? Que chorei tanto
quanto ri? Que nunca consegui fritar um ovo? Que amei menos do que poderia? Que
temi mais do que deveria? Às favas com tudo isso! Que digam que fui a Roma,
tomei un gelato e voltei.
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