sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Das palavras que deveriam ser ditas


Fulano era o chefe de um departamento de uma empresa como qualquer outro chefe de departamento de uma empresa e queria um cachorro para tomar conta do seu sítio. Ciclano, subordinado a Fulano, como acontece nos departamentos das empresas onde uma pessoa se subordina a outra, levou para a empresa um filhote de cachorro vira-lata para Fulano, mas Fulano não o quis. Ela, subordinada a Fulano e Ciclano, coitada, assistiu àquele impasse com o filhote no colo, pois o bichinho ficava andando pelo departamento e quase foi vítima de pisadas e chutes. Diante da negativa do Fulano, ela perguntou o que seria feito com o cachorrinho, ao que Fulano respondeu: deixe na rua. Como Fulano era chefe do chefe dela, ela não conseguiu responder “claro, me diga em qual esquina fica a tua mãe que eu deixo o bichinho junto”. E são várias as noites, mesmo muitos e muitos anos depois, em que essa resposta ainda se enrosca na garganta da menina, que não é mais uma menina, e que, claro, levou o filhote para casa.  

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