quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Segredos


Ele não mencionava o nome dela na frente dela. Nunca. E essa segunda “dela” era a esposa (que nome careta) dele. O primeiro “dela” era outra ela, uma ela colega de trabalho que não tinha o nome mencionado por ele na frente da esposa dele. E isso a entristecia – a esposa, que sabia que se ele não mencionava o nome dela era porque um constrangimento o impedia. Um constrangimento tão interno que ele mesmo fingia que não existia. E ela, a esposa, que buscava tantas verdades que mal conseguia dizer para os filhos que o Papai Noel é um bom velhinho que mora no Polo Norte e traz presentes no fim do ano para todas as criancinhas (pra quê? O que alguém consegue vivendo de tantas verdades, além de uma úlcera depressiva?), teria que aprender que alguns pensamentos e sentimentos jamais – JAMAIS – serão ditos. E tratou ela (a esposa) de cultivar os dela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário