Ele não
mencionava o nome dela na frente dela. Nunca. E essa segunda “dela” era a
esposa (que nome careta) dele. O primeiro “dela” era outra ela, uma ela colega
de trabalho que não tinha o nome mencionado por ele na frente da esposa dele. E
isso a entristecia – a esposa, que sabia que se ele não mencionava o nome dela
era porque um constrangimento o impedia. Um constrangimento tão interno que ele
mesmo fingia que não existia. E ela, a esposa, que buscava tantas verdades que
mal conseguia dizer para os filhos que o Papai Noel é um bom velhinho que mora
no Polo Norte e traz presentes no fim do ano para todas as criancinhas (pra quê?
O que alguém consegue vivendo de tantas verdades, além de uma úlcera
depressiva?), teria que aprender que alguns pensamentos e sentimentos jamais –
JAMAIS – serão ditos. E tratou ela (a esposa) de cultivar os dela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário