A xícara e o
pires tremiam na sua mão com as unhas vermelhas desgastadas. Tentou abrir o
invólucro do saquinho de chá por um canto, depois pelo outro, pelo outro e pelo
último possível. Tentou com os dentes uma vez. Só conseguiu na segunda. Colocou o
saquinho na xícara e apertou a garrafa térmica errada: despejou café em vez de
água quente. Ah, as lágrimas novamente: não. Não! Se estivesse em casa
quebraria a xícara na parede e jogaria o café da garrafa no chão branco da
cozinha, no lençol branco da cama, no tapete branco do banheiro, na cortina
branca da sala, nessa vida branca que ela não sabia mais se quente ou gelada.
Mas não estava em casa e enquanto esperava a consulta tomou o café com um
saquinho de chá de camomila. Estava ruim. Mas, e daí?
Nenhum comentário:
Postar um comentário