Os enjôos vinham
em ondas tsunâmicas, trazendo dejetos que se recusavam a atravessar os dentes
de sua boca pintada de vermelho. Sob o sol do meio-dia quase desmaiou na
calçada ao lado de um mendigo, receosa de sujar o único bem daquele homem: um
cobertor mijado e translúcido. Não vomitou no cobertor. Nem no mendigo. Nem em
lugar nenhum. A calçada continuou suja de outros homens, outras mulheres e
alguns cachorros. Não poderia continuar trabalhando, nem as paredes a
escoravam. Cinco quarteirões até seu apartamento. Dez passos até sua cama,
dessa vez sem olhar para o espelho da penteadeira. Não viu que a flor amarela havia caído dos seus cabelos. Foi só à noite, quando já
dormia, que uma gorda e peluda ratazana escapou de suas entranhas.
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