terça-feira, 8 de março de 2016

Carta para um futuro homem

Meu filho,

hoje acordei você, disse “bom dia” e em seguida “hoje é dia das mulheres, parabenize suas professoras, amigas, todas as mulheres da escola, a mamãe...”.

Na hora da saída, você disse que eram muitas as mulheres na escola. Se fosse parabenizar todas, perderia a hora da brincadeira. OK, você é jovenzinho, tímido nesses momentos e não entende o porquê desse dia das mulheres. Me perguntou se era dia das mães. Me perguntou quando era o dia dos homens. Não teve paciência, com razão, para ouvir a minha explicação, mas fica aqui o meu registro para o futuro, quem sabe:

Quando a mamãe tinha vinte e poucos anos, já formada e trabalhando numa empresa grande aqui da nossa cidade, do nosso país, um dos meus chefes me trancou numa sala, enquanto fui levar uns documentos para ele analisar, e tentou me beijar contra a minha vontade. Me grudou na parede, ele era bem grande, me segurou com força e justificou o ato dizendo que eu era bonita demais para ele manter o controle. Isso, meu filho, não acontece com os homens (e se acontecer, porque virá uma piada sem graça aqui, você não gostará, acredite). Homens, como você será um dia, não são jogados contra a parede à força só porque são homens.

Quando a mamãe casou e ainda não era mãe, fui a algumas entrevistas de emprego e ouvi várias vezes a pergunta: mas, então, você pretende ter filhos? Se sim, quando? E se tiver, com quem vai deixá-los quando precisar trabalhar até tarde? Homens, como você será um dia, não têm a intimidade invadida dessa maneira numa entrevista de emprego.

Quando fiquei grávida de você, tive três meses de licença apenas, pois precisava voltar para o trabalho. Como ainda amamentava, chegava mais tarde e passava mais do que uma hora em casa no meu horário de almoço, até ser questionada sobre a minha prioridade. Homens, como você será um dia, não têm que escolher entre filhos e trabalho.

Quando tive depressão pós-parto, uma doença que não cabia a mim escolher ter ou não, e pedi para trabalhar meio período porque trabalho período integral, mais filho bebê, mais depressão eram demais para mim, ouvi que o meio período poderia abrir precedente na empresa. Homens, como você será um dia, nunca terão que enfrentar o monstro da depressão pós-parto. Muito menos virarão mau exemplo por isso.

Quando eu estava com você tão pequeno, com os peitos caídos cheirando a leite, a barriga mole caindo sobre a calça, o cabelo despenteado, as olheiras chegando nos pés e o humor e a autoestima abaixo de zero, vi seu pai se encantar com as mulheres magras e cheirosas que se aproximavam dele. Homens, como você será um dia, nunca sofrerão uma mudança tão drástica e repentina no corpo – e na alma.

E, por fim, meu filho, depois desse aperitivo (sim, aperitivo leve porque a mamãe, veja bem, é branca, bonita, de classe econômica privilegiada e pode brigar sem ter medo, por exemplo, de perder o ganha-pão, posso me dar ao luxo de dizer alguns “tchaus” por aí, ao contrário da maioria das mulheres desse nosso país), um lembrete para você, caso você, no futuro, decida dividir sua vida e sua casa com uma mulher:

1) Se você deixar a toalha molhada em cima da cama, você irá (espero) dormir no lençol molhado;

2)  Se você deixar os sapatos jogados no chão, em qualquer lugar da casa, você irá (espero) tropeçar neles na ida e na volta;

3) Se você chegar em casa cansado e não tiver o que comer, das duas opções, escolha uma: cozinhe você mesmo ou compre uma comida pronta;

4) Se você acumular louça suja na pia, você irá (espero) comer e beber com sujeira.

Nenhuma mulher é obrigada a servi-lo. Entendeu? Nenhuma. Nem eu.

Ah, já ia me esquecendo: quando você deixar sua mulher chateada, quando pisar na bola, quando passar do limite, quando deixá-la chorando, entenda que uma boa trepada não vai resolver a questão. Transar é a coisa mais fácil que uma pessoa pode fazer, tanto para vocês com seus pintinhos para fora, como para nós, mulheres, que abrimos as pernas e ainda podemos fingir um orgasmo. Não se ache grande coisa por causa desse instrumento, ele é mais importante para vocês, homens, do que para nós, mulheres.

Com amor,


Mamãe



2 comentários:

  1. O texto tem algumas verdades, mas é excessivamente feminilizado, não gostei. Eu tenho prazer em servir a minha mulher, em fazer comida para ela em recolher coisas que ela deixa pela casa, mas as vezes, não todos os dias. A vida é uma troca, faça e receba. O modo como vc retratou esse universo não foi bacana, deu uma ideia de que a mulher é o ser mais explorado e "usado" do mundo. Mulher é mulher e homem é homem, conheço várias mulheres que se cuidaram e não ficaram com corpo horroroso quando tiveram filhos. Quando mulheres que são assediadas no trabalho devem correr para o RH e para um delegacia para prestar queixa. E sim, mulheres não devem ser escravas do marido, deve sempre existir uma troca, que na minha visão é a magia do casamento de do relacionamento. A visão desse texto coloca a mulher numa posição desprivilegiada, coisa que não aceito e de fato não concordo, uma manina lendo esse texto não vai aprender nada que seja significativo para sua vida. Muito pelo contrário. "Se você chegar em casa cansado e não tiver o que comer, das duas opções, escolha uma: cozinhe você mesmo ou compre uma comida pronta" que isso? Que ensinamento é esse? Qual o relacionamento tem futuro com conselhos como esse?

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  2. Escrevi rápido e cheio de sono, notei que tem vários erros de português, mas enfim, acho que da para entender minha ideia. Abs.

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