segunda-feira, 28 de março de 2016

Vinte e oito de março de dois mil e dezesseis


As músicas do Chico, a voz da Bethânia, o vento da Bahia, a crocância do acarajé, o dançarino do deserto (Ashfin?, Afshin?), pessoas fugindo de guerras e ditaduras, enquanto uns dormem outros acordam, não tem gente demais no mundo para pensarmos só em nós mesmos?, tantas línguas que ainda quero decifrar, a poesia do Helder, the hum, the hum, Dostoiévski e Tolstói, meus filhos dormindo no quarto ao lado e o sopro de vida quente que me infla quando penso em tudo que desejo para eles e o monstro gosmento, escamoso, com setecentos e quinze dentes pontiagudos na boca que me ameaça quando penso que, de todos os meus desejos para os meus filhos, a realização de nenhum deles depende de mim. E também fazia calor, e o barulho do ar condicionado, e o edredom que estava pesado, e os trabalhos que preciso terminar, além dos que preciso começar, e o despertador que poderia não tocar, e a despensa cheia de chocolates, e as férias que parece que nunca mais terei, e o monstro que dá cria, tudo isso não me deixou dormir essa noite.

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