quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Ar condicionado


O calor. O fim de uma tarde. A cada inspiração uma onda que se levanta. A falta de equilíbrio para manter-se na crista. Nenhuma mão para segurá-la. O pavor de se espatifar no asfalto. Logo ali. Logo ali onde um homem negro está vestido como Elvis Presley. Nenhuma ponte sobre águas turbulentas. Love me tender... Abaixa as janelas do táxi. Não há ar. Abre o máximo que consegue a boca. Quer que os maxilares se soltem - um grito silencioso congelado na avenida - mas não há ar. Só condicionado. Tudo ali: só condicionado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário