sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Felipes

Vem, Felipe.

E o Felipe, nada.

Vem, Felipe.

E o Felipe não aparecia.

As palavras arranhavam a garganta: vem, Felipe.

Ninguém.

Você mesmo, Felipe, é com você que estou falando...vem, Felipe.

Os dedos grossos das mãos encardidas e rachadas ajudando o chamado num movimento lento: vem, Felipe.


Poucos cabelos brancos, os olhos opacos e lacrimosos, o corpo mal coberto por uma calça rasgada e uma camisa rota e aberta, jogado na calçada, os pés quase na rua (cuidado com o ônibus), a baba escorrendo pela boca que ainda chamava pelo Felipe. 

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