Um ardor nos
olhos. Sentia que veria duas fogueiras se olhasse seu rosto no espelho. Não
olhou. A queimação não diminuía. Foi uma lembrança – uma imagem grudada na
retina que a feriu. Que a feria. Que vinha ferindo-a, como gado marcado.
Desligou o computador sem explicações e dirigiu três horas até o mar. Tirou os sapatos para que
a areia invadisse o vão entre os dedos. Mergulhou com a calça e a camisa de seda que
fingia não detestar. Ela e uns poucos surfistas amadores. O dia já esfriava.
Subiu a serra com a roupa encharcando o carro de sal.
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