Porque o bebê
negro deitado no colo da mãe negra sentada na calçada numa noite de garoa de
sete graus da cidade gigante esfregava a chupeta no nariz igual ao meu filho
branco deitado em sua cama debaixo de dois cobertores num quarto decorado com
bichinhos de pelúcia e super-heróis. E o branco e o preto se fundiram numa
nuvem cinza que desaguou sobre os meus olhos. Porque sou mãe. Porque sou cinza.
Porque sou mãe cinza que não dorme mais nas noites de garoa fria.
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