sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Mãe do mundo

Porque o bebê negro deitado no colo da mãe negra sentada na calçada numa noite de garoa de sete graus da cidade gigante esfregava a chupeta no nariz igual ao meu filho branco deitado em sua cama debaixo de dois cobertores num quarto decorado com bichinhos de pelúcia e super-heróis. E o branco e o preto se fundiram numa nuvem cinza que desaguou sobre os meus olhos. Porque sou mãe. Porque sou cinza. Porque sou mãe cinza que não dorme mais nas noites de garoa fria. 

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