quarta-feira, 7 de agosto de 2013

E então a aceleração do ônibus invade a janela do seu escritório e desperta sua memória, a lembrança de você, corpo pequeno e magro, acostumado ao silêncio do interior, dormindo na casa da sua avó materna, numa movimentada avenida da capital. Os aceleradores lembrando que você estava ali, na cama de molas (mais um barulho inesquecível) montada embaixo da janela, ainda aprendendo a dizer “ônibus”, a mais difícil que você já enfrentou (zombus? tá certo, vó?), sua irmã dizendo “burubu”, seu irmão sempre tão quieto, os três espalhados pelo quarto sob o olhar quente e gigante da avó, tão gigante que você ainda o percebe.  

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