E então a aceleração
do ônibus invade a janela do seu escritório e desperta sua memória, a lembrança de você, corpo
pequeno e magro, acostumado ao silêncio do interior, dormindo na casa da sua
avó materna, numa movimentada avenida da capital. Os aceleradores lembrando que
você estava ali, na cama de molas (mais um barulho inesquecível) montada embaixo
da janela, ainda aprendendo a dizer “ônibus”, a mais difícil que você já
enfrentou (zombus? tá certo, vó?), sua irmã dizendo “burubu”, seu irmão sempre tão
quieto, os três espalhados pelo quarto sob o olhar quente e gigante da avó, tão
gigante que você ainda o percebe.
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