A gente sentava
no meio-fio pra conversar, uma garrafa de vinho barato entre nós, sem medo da
madrugada. Acendíamos um cigarro, nos achávamos gente tão grande – não sabíamos
que gente grande não sabe o que fazer. Nunca olhamos para a marca dos nossos
sapatos e das nossas calças, só queríamos rir, beber, fumar, tomar banho de
cachoeira, beijar os meninos, comer bolo, ouvir Chico e Caetano, andar de moto, dançar, crescer
devagar. Foi rápido. Eu cresci: hoje uma gente grande que não sabe o que fazer. Ela não:
não quis ou alguém não deixou. E numa tarde fria a saudade engancha no estômago
e tudo o que eu queria era voltar praquele meio-fio.
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