sábado, 12 de janeiro de 2013

Facciolla


Facciolla...Facciolla...

Um chamado de hálito quente numa noite de estrelas invisíveis, numa rua escura e desconhecida. Chovia e eu sentia frio.

Facciolla...

Entrei na primeira casa que vi, à esquerda. Uma escada estreita debaixo de um luminoso vermelho, tão clichê. Tocava Por uma cabeza e eu nada enxergava. Ele está ali, outra voz, fria, me avisou. Quem? Facciolla. Chi è Facciolla? Un uomo con um bel viso. E acendeu um cigarro.

Eu não via rostos na escuridão, até que Facciolla tomou minha cintura. Mãos em febre, soprava uma quentura no meu pescoço e mesmo sem tocar seu corpo eu me emaranhei àquele homem. O vestido molhado colado ao meu corpo. Nossos corpos em compasso, eu que não sei dançar. Tentei não chorar, assim como quis dizer. Qualquer coisa, mas minha garganta ardia. O vestido secou. Um rodopio, o medo de que ele não me encontrasse novamente, mas o sopro continuava ali. O cio de dois corpos tristes. O rosto que eu adivinhava acastanhado, o gosto de tâmara, a maciez do algodão, o sopro mírreo, eu bêbada de sonho. O último acorde e não fui mais tocada.

Facciolla...

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário