segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Tropeços


Caminhava pela calçada irregular do centro da cidade com a cabeça repleta de palavras e um pacote de amendoins nas mãos. Enquanto levava um deles à boca, tropeçou, e a tropicada interrompeu uma frase. Teve que olhar para o sapato que cobria seu pé cansado. Só seus sonhos eram jovens. Já tinha vendido biscoitos e Yakult com aqueles carrinhos de mão, mas não conseguia vender suas frases, que eram lindas. Esqueceu do pé, nem pensou no carrinho de Yakult – quem pensou fui eu, ali perto, encantada com a beleza da poeta; comeu o amendoim e continuou caminhando, construindo suas frases. Ou talvez pensando numa conta que precisava pagar.

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