Caminhava pela
calçada irregular do centro da cidade com a cabeça repleta de palavras e um
pacote de amendoins nas mãos. Enquanto levava um deles à boca, tropeçou, e a
tropicada interrompeu uma frase. Teve que olhar para o sapato que cobria seu pé
cansado. Só seus sonhos eram jovens. Já tinha vendido biscoitos e Yakult com
aqueles carrinhos de mão, mas não conseguia vender suas frases, que eram
lindas. Esqueceu do pé, nem pensou no carrinho de Yakult – quem pensou fui eu,
ali perto, encantada com a beleza da poeta; comeu o amendoim e continuou
caminhando, construindo suas frases. Ou talvez pensando numa conta que
precisava pagar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário