E quando tudo
derrete, a pele, o cansaço, o asfalto, o amor, e o mundo se arrasta sob seus
pés doloridos de tanto tentarem chegar a um ponto invisível, e a chuva e as
lágrimas banham suas bochechas pálidas, e ela não sabe se olha para cima ou
para baixo (por que não para a frente?), e não sabe se sua angústia mora no
peito ou no estômago, é tudo tão misturado e molhado e gigante dentro de um
corpo pequeno, com apenas duas mãos para se proteger da maldade na esquina e
uma alma desassossegada para acolher tanto medo. E olha para cima e para baixo, tenta abrir um guarda-chuva, mas seus dedos derretem e se enovelam. Um bafo mostra seus dentes e ela não foge. Tem só dois pés (é tudo tão pequeno). E estão cansados, quase parados.
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