terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Sublimação


E quando tudo derrete, a pele, o cansaço, o asfalto, o amor, e o mundo se arrasta sob seus pés doloridos de tanto tentarem chegar a um ponto invisível, e a chuva e as lágrimas banham suas bochechas pálidas, e ela não sabe se olha para cima ou para baixo (por que não para a frente?), e não sabe se sua angústia mora no peito ou no estômago, é tudo tão misturado e molhado e gigante dentro de um corpo pequeno, com apenas duas mãos para se proteger da maldade na esquina e uma alma desassossegada para acolher tanto medo.  E olha para cima e para baixo, tenta abrir um guarda-chuva, mas seus dedos derretem e se enovelam. Um bafo mostra seus dentes e ela não foge. Tem só dois pés (é tudo tão pequeno). E estão cansados, quase parados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário